Porque será que a generalidade das pessoas trabalha mais do que o habitual nas últimas semanas antes de ir de férias?
Eu incluo-me neste grupo de pessoas, sendo que em termos de produtividade pessoal estimo que trabalho o dobro de uma semana normal. Penso que no meu caso e de muitas outras pessoas, este efeito tem origem no sentido de responsabilidade no trabalho ao pretender não deixar pendentes antes de entrar de férias.
Esta responsabilidade é boa por um lado, mas por outro lado pode levar a uma ansiedade excessiva e nociva para a saúde. Às vezes é bom não levar o trabalho tão a sério, fazer o que for possível mantendo a sanidade mental, e regressar de férias com energias renovadas. Como o ditado popular diz “o trabalho não foge”.
As férias são também uma boa altura para refletir na forma como se lida com o trabalho, e no que queremos melhorar e modificar no regresso.
Quanto a mim, já tenho algumas medidas que quero introduzir a seguir às férias: o desenvolvimento das leis do poder n.º 4 “diga o menos possível” e n.º 7 “obtenha o crédito pelo trabalho dos outros”.
Considero a lei n.º 4 uma das mais importantes para ganhar o respeito e subir numa organização. A lei n.º 7 está relacionada com a capacidade de delegação a dependentes e a terceiros. É importante colocar os outros a trabalhar para nós, para libertar o nosso tempo e energia para outras atividades mais eficazes como a promoção pessoal, aprender a investir o dinheiro e fazermos aquilo de que mais gostamos.
Se for de férias, lembre-se que o trabalho vai estar à sua espera e aproveite o descanso para ter umas ideias luminosas para aplicar no regresso.
Mindfulness é um conceito com origem na tradição budista, mas que tem sido aplicado num ambiente secular. A sua tradução para o português é referida em muitas publicações como atenção plena.
Sbcoaching define mindfulness como o focar no presente e ficar atento às manifestações do seu corpo e da sua mente perante a situações apresentadas.
As situações apresentadas podem ser positivas ou negativas. Por exemplo, uma ida à praia produz sensações agradáveis e de relaxamento. O calor do sol, o contacto com a areia, o cheiro da brisa marítima, um banho refrescante são tudo sensações que produzem bem estar.
Por outro lado, um projeto desafiante no trabalho com colegas muitos competitivos pode conduzir a dores de cabeça, músculos tensos, preocupações crónicas e outras males de uma vida stressante.
Se estivermos atentos às nossas sensações físicas e mentais nos dois exemplos que dei já estamos a praticar mindfulness ou atenção plena.
Mas o mindfulness também pode ser praticado de uma forma mais dedicada. Exemplo disso é a meditação sentada e o yoga. Ao estarmos atentos ao que sentimos e pensamos quando estamos sentados no chão ou fazemos uma postura de yoga, podemos verificar que cada momento é uma experiência única.
Esta experiência é um conceito lato, mas que pode ser entendida como um espectador a visualizar um filme. Durante a sessão o espectador é sujeito ao drama e emoções que o filme produz, mas que sabe que assim o filme termina a sua vida regressa ao normal sem qualquer trauma.
Muito tem sido escrito sobre mindfulness, e talvez por uma boa razão, com todos os benefícios que traz à saúde física e mental.
As 48 Leis do Poder de Robert Greene trazem importantes lições para a vida para os que não tiveram a hipótese de ter uma boa educação num mundo em que vencem os “espertos”, e não necessariamente os mais competentes ou mais capazes.
Neste artigo quero escrever sobre a importância do planeamento na vida profissional, transposto a lei n.º 29 “planeie até ao fim”. Greene refere na sua obra que muitas das leis têm exceções, mas quanto à necessidade de planear, é perentório a dizer que não existem exceções à lei.
Em retrospetiva, penso que um dos grandes impedimentos à minha evolução profissional, e também a de muitas outras pessoas é:
1) Não ter um objetivo claro a atingir e; 2) Planear até ao fim para concretizar o objetivo.
Um objetivo sem um plano é como um sonho. O plano é o que materializa o objetivo, com a descrição da estratégia e táticas a empregar.
Uma das dificuldades em criar um plano no início de qualquer empreendimento, é que se está na posse de todos os dados. Um plano é, pois, algo que está em atualização regular à medida que vamos avançando e ganhando experiência e novos conhecimentos.
O mais difícil é começar, e o primeiro plano será possivelmente diferente, senão totalmente diferente do plano final que nos levará à vitória e concretização dos nossos objetivos.
Devemos acima de tudo fazer um esforço no início para “planear até ao fim”, desenhando um mapa de onde estamos até onde pretendemos chegar. Quem sabe o que nos reserva?
Esta semana atingi o pico de trabalho, que aliado às altas temperaturas do verão me levou perto do burnout.
De acordo com a clínica da mente, o chamado síndrome de burnout é uma perturbação psicológica causada pelo stress excessivo devido a uma sobrecarga ou excesso de trabalho. A palavra Burnout vem do inglês e significa “queimar até ao fim”.
Primeiro, no meu trabalho acompanho projetos de grande dimensão com a gestão de equipas multidisciplinares dentro e fora da minha organização. Embora considere que tenha uma vasta experiência, faço a gestão de projetos sem ter um título de direção, o que nos momentos mais difíceis causa um maior esforço para estabelecer a autoridade, e consequentemente cansaço.
Segundo, organizei recentemente uma conferência online com dezenas de participantes fora do âmbito do meu trabalho principal, o que levou meses a preparar. Tive a meu cargo o comité da organização com toda a logística do evento incluindo a criação do programa e a seleção e contacto dos oradores convidados. As últimas semanas que antecederam o evento foram intensas com todos os preparativos inerentes.
Terceiro, à mais de um ano que dedico o meu tempo livre aoinvestimento nos mercados financeiros. Tudo começou com a procura por alternativas aos depósitos a prazo com taxas de juro insignificantes, em que o dinheiro no banco é inferior à taxa de inflação. O investimento evoluiu para a negociação de ações a curto prazo e depois para day trading, comprando e vendendo títulos no mesmo dia. Isto é uma atividade muito aliciante para aqueles que estão inclinados pata tal, mas também desgastante.
Estes três pontos conduziram-me a uma grande exaustão, e deixaram-me as portas do burnout. Como já tenho uma personalidade predisposta para este tipo de problemas é preciso ter cuidado. Ser produtivo também é saber quando parar, dizer não e reduzir de velocidade.
Pois bem, hoje é o dia em que inicio este hábito semanal, descrevendo uma iteração recente que tive com o meu superior.
A iteração com o superior
Esta manhã o meu chefe ligou-me a questionar um email que tinha enviado no dia anterior. Uma vez que considerava injusta a acusação, respondi nervosamente transmitindo o meu ponto de vista, quebrando a lei n.º 9 “Não discuta. Demonstre”. No meio da conversa comecei a falar que tinha muitas habilitações para a função quebrando a lei n.º 30 “Pareça com seja fácil e não se gabe”.
A perspetiva dos colegas
Mais tarde acabei por conversar com uns colegas próximos sobre este episódio. Um dos colegas transmitiu-me de que o meu superior poderia estar a utilizar um dos meus pontos fracos, com a provocação para me destabilizar, utilizando deste modo ele próprio a lei n.º 33 “Utilize a fraqueza dos outros”.
Outro colega disse-me que como profissionalmente era difícil apontar-me alguma coisa, pelo que o meu chefe poderia estar a arranjar um motivo qualquer para apontar. Talvez com a minha performance e produtividade crie alguma inveja e mau estar superior. Isto quebra a leis n.º 46 “Não provoque a inveja” e n.º 1 “Não se sobreponha ao mestre”.
Nesta iteração estão incluídas 5 leis do poder, 4 das quais quebrei, e outra que o meu superior possivelmente usou contra mim aproveitando-se das minhas fraquezas.
A dificuldade em aplicar as leis no momento
Torna-se muito difícil estar atendo e usar todas estas leis, especialmente no momento em que se quer uma reação rápida. No entanto estar atento a este facto é o primeiro passo. O segundo passo é desenvolver o mindfulness da comunicação que é outro dos meus objetivos, e que está relacionado com o mindfulness da respiração. Ao concentrar-me na respiração quando comunico irei provavelmente ouvir melhor e criar uma maior contenção no que digo, além de evitar reações emocionais desproporcionadas.
Checklist de hábitos diários
É tempo de conectar com a checklist de hábitos diários.
Não basta traçar os objetivos anuais no início do ano e depois esperar pelo melhor. Possivelmente o que irá acontecer será a desistência ou esquecimento dos mesmos pelo caminho. É importante manter os objetivos relevantes e atuais através de uma revisão periódica.
Esta é a terceira e última parte da revisão trimestral dos meus objetivos para 2020, dando um exemplo pessoal, e demonstrando que é um trabalho que exige reflexão e tempo. Não seria de esperar outra coisa para almejar uma performance acima da média.
Um processo de três passos
Recomendo executar esta tarefa no final de cada trimestre, consistindo em três passos:
Validação dos objetivos perguntando qual a razão por detrás de cada um (porquê) e escrever os mesmos de acordo com a fórmula SMART. Ler artigo Oh Não! Objetivos 2020 Outra Vez (Parte 2).
Criar um plano de ação através de projetos, tarefas e hábitos de suporte aos objetivos. Este ponto é fundamental e o único que tem utilidade prática, fazendo a ligação entre a estratégia e a realidade. Neste artigo vou desenvolver este último ponto.
Um projeto é um conjunto de tarefas relacionadas com o mesmo tema, Um hábito é a mesma tarefa repetida periodicamente (diariamente, semanalmente, mensalmente, trimestralmente, etc).
De seguida é apresentado o exemplo para as áreas da saúde e trabalho dos meus objetivos pessoais. Deverá ler os artigos anteriores para ficar com o contexto geral.
Área da saúde
Ideias: relaxamento, visão, mindfulness
Hábitos:
Não usar aparelhos eletrónicos de leitura e fazer relaxamento da face e olhos a partir das 22h (diário).
Cozinhar duas receitas vegetarianas à terça-feira e sábado (semanal)
Área do trabalho
Ideias: Leis do Poder, Greene
Hábitos
Escrever um artigo com a aplicação de um caso prático no meu trabalho inspirado da obra de Robert Greene As 48 Leis do Poder (semanal).
As áreas casa, social, pessoal, espiritual e dinheiro não precisam de um desenvolvimento como o realizado para as restantes áreas, e de modo a evitar complicar o processo de revisão dos objetivos. Os mesmos já estão engrenados nos meus hábitos, bastando recordar as ideias principais de vez em quando.
Deverá constar que neste exemplo os objetivos produziram hábitos, o que não é obrigatório. O resultado poderia ser também projetos e tarefas. No entanto os hábitos têm a vantagem de criar rotinas, que poderão tornar as coisas mais fáceis para muitas pessoas.
Usar uma checklist para os hábitos diários
Para não sobrecarregar as listas de tarefas com hábitos, vou apenas criar tarefas repetitivas na minha aplicação de apoio à gestão do tempo para os hábitos semanais. Os hábitos diários serão incluídos numa checklist para o efeito.
Termina assim esta série de três artigos dedicados à revisão trimestral dos objetivos anuais. Trata-se de uma atividade que não é fácil, mas que traz grandes recompensas àqueles que querem ter um ano mais produtivo e de sucesso. A alternativa seria mais um ano em que não se definem objetivos nem se atingem metas relevantes.
Quero também deixar claro que o processo de definição de objetivos não tem de iniciar no início do ano. Se ainda não traçou as suas metas para 2020, do que está à espera?