O que Aprendi em 1 ano a Negociar na Bolsa
Já alguma vez pensou em investir na bolsa e sente curiosidade em saber como serão os primeiros passos nos mercados financeiros? Neste artigo irei descrever a minha experiência na bolsa ao longo do último ano e os desafios que encontrei, para que possa ter uma ideia das armadilhas e oportunidades que os mercados proporcionam.
Tabela de contéudos
As quatro classes de aplicações financeiras
Procurar por soluções alternativas aos depósitos a prazo
O despertar da curiosidade pela bolsa de valores
A primeira negociação na bolsa de valores
A rentabilidade de um fundo de investimento ETF
O aumento do montante de investimento e as comissões da bolsa
Os lucros começam a aparecer
E de seguida os prejuízos
A descoberta de uma nova estratégia com o swing trading
Investir com dinheiro só com provas dadas numa conta de simulação
O regresso aos mercados (devagar)
Tudo começou à um ano quando estava a consultar as novidades na seção de livros de gestão e economia da FNAC. Reparei numa nova publicação do autor português Pedro Barata Como Fazer Crescer o Seu Dinheiro ao Longo da Vida. Trata-se de um livro simples e sucinto sobre as bases das finanças pessoais, em que Barata descreve como podemos cuidar do nosso futuro financeiro através do investimento nas seguintes classes de aplicações: imobiliário, ações, obrigações ou trading.
As quatro classes de aplicações financeiras
A diferença entre as primeiras três classes de investimento (imobiliário, ações ou obrigações) e o trading é a duração do próprio investimento. Enquanto as primeiras classes são geralmente consideradas aplicações de longo prazo ao longo de meses ou anos, o trading aproveita as flutuações de curto prazo nos mercados financeiros para realizar lucros, podendo ter uma duração do investimento de dias ou semanas.
Procurar por soluções alternativas aos depósitos a prazo
Com as taxas de juro baixas para os depósitos a prazo (e ainda mais baixas nos dias de hoje com as políticas do Banco Central Europeu), desloquei-me o ano passado ao banco onde tenho o crédito habitação, a Caixa Geral de Depósitos, para informações sobre produtos financeiros alternativos. Foi-me recomendado o fundo de investimento Caixagest Ações Líderes Globais, que basicamente tem na sua composição ações de grandes empresas multinacionais como a Microsoft, Apple, Coca-Cola e Nike.
Não subscrevi este produto financeiro na altura porque considero um fundo de investimento desta natureza demasiado passivo para a minha personalidade. Tinha de sentir que exercia um maior controlo sobre os meus investimentos. Consultei ainda os Certificados de Aforro e do Tesouro disponíveis nos CTT, e embora as taxas fossem ligeiramente melhores que os depósitos a prazo, ainda eram demasiado baixos para os meus objetivos.
O despertar da curiosidade pela bolsa de valores
Sabia que as classes de investimento atrás referidas tinham juros muito baixos, e tinha de encontrar outra forma de rentabilizar o meu dinheiro. A bolsa de valores foi uma escolha lógica, com a possibilidade de maiores rendimentos, mas também maiores perdas.
Devido ao meu grande desconhecimento na época limitava-me a observar a evolução diária do índice S&P 500 da bolsa de valores dos estados unidos no Yahoo Finance (ver gráfica abaixo), considerado como o grande indicador do estado da economia americana, e com uma influência direta nas bolsas de todo o mundo, incluindo a portuguesa.
A primeira negociação na bolsa de valores
Algum tempo depois, e no início de 2019, resolvi fazer a primeira negociação num fundo de investimento ETF que replica o índice S&P 500 numa conta adormecida do Banco Best. Os ETF’s, ou Exchange Trade Funds, são atualmente produtos muito populares por terem comissões mais baixas que os fundos de investimento tradicionais. Esta é aliás uma estratégia recomendada pelo lendário Warren Buffet, considerado por muitos como o maior investidor de todos os tempos.
O principal motivo por detrás da escolha do Banco Best foi as comissões mais baixas em relação à Caixa Geral de Depósitos, mas mesmo assim altas comparadas com outras alternativas como se vai ver mais à frente. As comissões para os investidores na bolsa são uma grande preocupação pois podem anular os lucros obtidos.
A rentabilidade de um fundo de investimento ETF
De acordo com a Deco Proteste, a rentabilidade média anual a cinco anos de um fundo que replica o índice S&P 500, como por exemplo o ETF Vanguard S&P 500, é de 13,71%. É conhecido que rentabilidades passadas não garantem resultados futuros, mas se a economia norte americana continuar a crescer é de esperar que este tipo de ETF’s acompanhe este crescimento.
Com a primeira aplicação do ETF S&P 500 no Banco Best tive um retorno positivo nos primeiros meses do ano, em parte porque tive a sorte do mercado estar a crescer.
O aumento do montante de investimento e as comissões da bolsa
Vendo o lucro realizado, resolvi adquirir mais unidades de participação do fundo ETF. No entanto deparei-me com o problema das comissões. Se as comissões na CGD para pequenos investidores mais ativos são proibitivas, no Banco Best embora mais baixas que na CGD, continuam a ser altas. Após alguma pesquisa descobri uma alternativa na corretora Degiro, conhecida pelas suas comissões baixas, onde abri conta.
Os lucros começam a aparecer
Logo após as primeiras semanas após ter criado conta na Degiro, vi o meu dinheiro a crescer na conta de ETF’s. O mercado continuava com tendência de subida e a sorte soprava para o meu lado. Com a ilusão de que estava a “dominar os mercados” resolvi mudar de estratégia, vendendo os ETF’s e investindo diretamente em ações, pois as possibilidades de lucro eram maiores.
E de seguida os prejuízos
Negociava no curto prazo, fazendo operações de compra e venda diárias conhecido como day trading. O resultado foram prejuízos, tomando a bolsa como um casino. Perdi tudo o que tinha ganho até então, e parei de negociar na bolsa nas semanas seguintes.
A descoberta de uma nova estratégia com o swing trading
De seguida aprendi sobre o swing trading, que é a compra e venda de títulos mantendo-se a posição de vários dias a semanas, a contrário do day trading que tem de se fechar a posição até ao final do dia. Como tive a sorte do mercado continuar em tendência de subida, comecei a acumular lucros até ter uma posição confortável.
Depois as condições de mercado mudaram entretanto com o aumento da volatilidade. A estratégia que funcionou até então deixou de funcionar. Querendo continuar a lucrar na bolsa regressei ao day trading, perdi todo o dinheiro que tinha ganho até então mais algum.
Fiquei desanimado e deixei de negociar na bolsa. O que andei a fazer na bolsa desde o início foi jogar, ficando à maré da sorte, e os mercados são imperdoáveis nesta situação.
Investir com dinheiro só com provas dadas numa conta de simulação
A grande lição que aprendi foi a nunca investir com dinheiro real sem antes ter provas dadas com uma conta de simulação. Muitos afirmam que uma conta de simulação não é a mesma coisa que investir com dinheiro vivo por causa da psicologia envolvida que é diferente. Até certa medida isto é verdadeiro, mas se um trader não realizar lucros nos seus negócios com uma conta de simulação, é quase impossível ter lucros quando investir com o seu dinheiro.
Os pilotos de avião fazem horas de voo simulado antes de pilotar um avião, por causa dos riscos envolvidos com a segurança. Assim devem ser considerados os investimentos nos mercados financeiros com utilização de uma conta simulada. É o melhor seguro que se pode fazer contra os riscos e perdas financeiras.
O regresso aos mercados (devagar)
Neste momento já começo a ver alguns resultados na minha conta simulada, e sinto que já tenho alguma compreensão dos mercados, embora esta compreensão seja sempre relativa devido à imprevisibilidade da “besta” como alguns traders carinhosamente apelidam os mercados. Embora os mercados sejam difíceis de prever, é possível colocar as probabilidades a favor do trader com a estratégia certa e uma excelente gestão do dinheiro. Isto não surge de um dia para o outro, e como qualquer arte é preciso talento e dedicação, mais a última que a primeira.
Foram centenas de horas que dediquei ao estudo da bolsa e outras centenas de horas de prática ao longo do último ano. Se vou ter lucros, ou não, só vou saber quando regressar a uma conta com o meu dinheiro, mas tenho a certeza que passei no teste do simulador e coloquei-me na melhor posição para criar o sucesso nos mercados financeiros.