Mais uma semana com teletrabalho obrigatório para muitos portugueses, como decretado e noticiado pelo governo.
A época é propicia a estabelecer novas resoluções e/ou objetivos para o Ano Novo. Possivelmente este clima que se vive diminuiu este desejo, mas não precisa de ser assim.
Adaptar ás circunstâncias
Há que adaptar e estabelecer prioridades em função das circunstâncias. Para tal, em 2022 vou fazer algo diferente do ano anterior para as resoluções de ano novo.
Em vez dos tradicionais objetivos, vou escrever três valores ou princípios nos quais pretendo me tornar uma pessoa melhor. Ao lado de cada valor encontra-se o veículo no qual vou focar-me.
Os meus valores para 2022
Saúde (Visão)
Coesão (Ouvir)
Prosperidade (Bolsa de valores)
Na saúde quero melhorar a qualidade da minha visão (considerando a alta miopia que tenho).
Na coesão quero ouvir melhor e promover a harmonia interpessoal.
Na prosperidade quero finalmente começar (após quatro anos) a obter lucros na bolsa de valores.
PS. É interessante observar que os primeiros dois valores estão relacionados com os dois sentidos: visão e audição.
Nos últimos tempos tenho pensado porque será que a maioria das pessoas não consegue definir objetivos. Cheguei a uma possível conclusão de que o problema poderá estar na forma como pensamos sobre os mesmos.
Definir objetivos é um processo inconsciente que depende do ambiente e experiências que vivemos, ao contrário de um processo consciente e de “obrigação”.
Isto poderá explicar porque as resoluções de ano novo e a criação de sessões de trabalho para encontrar novas metas não funciona. Isto não quer dizer que os objetivos não sejam importantes, mas que nos chegam através da inspiração em que não escolhemos o melhor altura. São uma espécie de momento Eureka!.
É deste modo mais importante escolher os livros que lemos, os amigos que temos, a educação que prosseguimos, as organizações em que trabalhamos, que os objetivos acabam por surgir naturalmente como uma necessidade clara, que nos impulsiona numa força motivadora.
É por isso que agora penso:
Não definimos objetivos, os objetivos é que nos definem.
Existem dois tipos de objetivos. O primeiro tipo de objetivos são as metas clássicas como por exemplo “Estudar e preparar-me para o exame de inglês TOEFL a realizar em junho”. O segundo tipo de objetivos são as rotinas ou hábitos como por exemplo “Correr 30 minutos três vezes por semana”.
Nesta edição da revisão vou ser sucinto, e concentrar-me apenas em desenvolver três objetivos pessoais que pretendo atingir até ao final do ano.
Objetivo #1: Ter uma rentabilidade média líquida de 1% ao mês na minha conta de trading
Uma das minhas paixões e obsessões é negociar ativamente nos mercados financeiros (ver artigo O Que Aprendi em 1 Ano a Negociar na Bolsa). Já no terceiro ano de trading, espero já em 2021 começar a obter lucros, mesmo que humildes. Os primeiros dois anos foram de perdas com o tempo dividido entre contas reais e de simulação.
Objetivo #2: Promover duas horas diárias de atividades de relaxamento da visão
Tenho elevada miopia, e já na meia idade a miopia continua a progredir. Embora esta condição não tenha cura, importa reduzir o progresso e a deterioração da visão. Atividades como tempo ao ar livre, pausas regulares, e não ler à noite podem contribuir para uma visão mais saudável.
Objetivo #3: Projeto familiar
Este projeto é de carácter particular e prefiro não partilhar o mesmo na blogosfera.
É tudo nesta revisão e checkpoint trimestral de objetivos para 2021.
David Allen é um guru da gestão do tempo mundialmente conhecido pelo seu sistema Getting Things Done ou GTD.
O autor propõe organizar as listas de tarefas através de uma estrutura hierárquica:
Tarefas – atividades individuais e descompostas para serem executadas (exemplo: criar um memorando no trabalho ou pagar a conta da eletricidade.
Projetos – um conjunto de duas ou mais tarefas relacionadas (exemplo: escrever artigo (projeto), em que a primeira tarefa é pesquisar, a segunda tarefa é escrever e a terceira tarefa é rever e editar).
Contextos – o que preciso para executar determinada tarefa (exemplo: nível de energia baixo, médio ou alto).
Áreas de responsabilidade: agrupar as tarefas e listas de projetos por áreas temáticas (exemplo: pessoal, trabalho, família, hobbies, dinheiro, etc.).
Objetivos ou Metas: o que pretendo alcançar nos próximos um a dois anos.
“É um facto bem conhecido de que o atributo comum dos indivíduos e organizações com alta performance é ter um conjunto de objetivos claros e escritos.”
O paradoxo dos objetivos
“Se os objetivos são tão valiosos, porque é que existe tanta resistência no processo? O desafio dos objetivos é o compromisso com qualquer tipo de resultado de longo prazo, de assumir uma vontade de abandonar a familiaridade do dia-a-dia e arriscar um salto para o desconhecido. E se não conseguir atingir o que quero? E se não for a coisa certa a fazer? O que tenho de sacrificar?”
Em determinadas alturas traçar objetivos pode não fazer sentido.
“Existem momentos em que o foco num objetivo ambicioso pode não ser o curso de ação mais apropriado, já que o poderá fazer sentir-se menos no controlo, que é o oposto do pretendido. (…) Se já está a sentir-se um pouco instável a gerir a sua atual realidade, um objetivo muito alto será provavelmente contraprodutivo.”
A importância de começar nas pequenas coisas.
“Grande parte do que desenvolvi nos modelos GTD foi baseado no facto de que as pessoas não conseguem focar-se apropriadamente no quadro geral por causa da sua incapacidade para lidar com o essencial. Existem momentos da vida em que as pequenas coisas sobrecarregam tanto uma pessoa que definir objetivos poderá ser um exercício artificial e penoso.”
Só o indivíduo poderá saber se precisa ou não de ter objetivos
“É uma decisão difícil saber quando se devem traçar metas e objetivos para se atingir o foco, e quando será melhor aceitar e gerir a realidade, para que mais tarde, no devido tempo, e com maior estabilidade e claridade, finalmente caminhar em direção a novas direções e responsabilidades. Somente o próprio sabe a resposta.”
Conclusão
David Allen descreve no seu livro que embora a criação de metas e objetivos seja essencial a uma maior rentabilidade de indivíduos e organizações, quando nos sentimos desorganizados e vivemos no caos, poderá fazer mais sentido focarmo-nos nas pequenas coisas e no essencial. Neste caso, estabilizar o dia-a-dia, deverá ser a prioridade.
À medida que ganhamos controlo e confiança, mais tarde, podemos decidir se no nosso caso em particular justificará traçar objetivos, que só fará sentido se proporcionar um foco adicional.
Até porque existem muitas pessoas bem-sucedidas que nunca traçaram objetivos, embora se acredite que neste último caso estas tenham um propósito maior que serve de guia para aproveitarem as oportunidades que a vida lhes dá
Estamos no final de dezembro, sendo o tempo ideal de reflexão para traçar os objetivos do ano novo em 2021.
À semelhança do ano passado, irei usar um mapa mental para apoio neste processo. A partir do centro do mapa, nascem as áreas que pretendo desenvolver: trabalho a vermelho, dinheiro a verde e pessoal a azul.
No trabalho, pretendo continuar a aplicar os princípios das leis do poder baseado nas obras de Robert Greene e Dale Carnegie, com especial incidência na arte de ouvir, falando menos.
No dinheiro, quero continuar a poupar uma percentagem dos meus rendimentos e desenvolver uma estratégia de trading na bolsa de valores. Se terminar o ano sem perder rendimentos na bolsa já será positivo.
Dividi a área pessoal em casa e saúde. Na casa quero cozinhar refeições vegetarianas e levantar-me cedo logo ao primeiro toque do despertador. Na saúde pretendo criar hábitos que promovam o relaxamento ocular para prevenção da degradação da visão devido à minha miopia.
É interessante notar que todos os objetivos de 2021 se traduzem em hábitos (não mostrado na imagem), com a repetição de atividades, e que têm de ser geridos de forma diferente das tarefas, mas esta explicação fica para outro artigo.
Está na altura da revisão trimestral dos objetivos para 2020. É a última revisão do ano, e também a última oportunidade para atingir os objetivos.
Assim como a vitória de um ciclista é muitas vezes decidida na reta final, os três últimos meses do ano proporcionam o foco necessário para “pedalar” na velocidade máxima com a meta à vista.
Desenvolvo os objetivos em seis áreas: social, trabalho, dinheiro, saúde, casa e espiritual. Para uma maior eficácia, no último trimestre do ano vou tentar juntar várias áreas.
Por exemplo, como trabalho numa grande organização, posso socializar mais com os colegas e dirigentes, juntando deste modo as áreas social e trabalho. O ideal seria juntar o trabalho com o dinheiro, encontrando um emprego que providenciasse maior rendimentos. O meu emprego é mal remunerado como a maioria dos empregos em Portugal, mas tem outros benefícios indiretos, pelo que irei continuar no mesmo trabalho apostando na educação ativa na bolsa de valores.
Assim sendo, os meus objetivos para o último trimestre de 2020 são:
Trabalho: fazer uma comunicação 80/20, escutando 80% e falando 20% do tempo (H).
Dinheiro: 1) poupar 30% dos rendimentos (H) e 2) desenvolver uma estratégia lucrativa na bolsa de valores (P).
Saúde: 1) cozinhar duas refeições vegetarianas por semana (H), 2) aplicar o mindfulness na visão e yoga (H) e 2) controlar o colesterol (P).
Casa: Arrumar e reduzir o número de “coisas” para uma casa mais minimalista (H).
Natureza. Dar um passeio junto ao mar aos fins de semana (H).
O símbolo H ou P à frente de cada objetivo refere-se a hábito ou projeto. Um hábito é uma rotina executada periodicamente e um projeto é um conjunto de tarefas.
Nas sociedades do capitalismo atuais, a generalidade das pessoas tem acesso a todo o tipo de bens e materiais. O resultado é colectarem “coisas” que não precisam e juntar tudo em casa.
Para contrariar esta tendência de excessos, a que também não estou imune, este ano estabeleci como objetivo ter uma casa mais minimalista. É um projeto para ser desenvolvido aos fins de semana juntamente com as tarefas habituais de arrumação e limpeza.
Este fim de semana comecei por algo simples, como arrumar o móvel da televisão. É incrível o que tinha neste pequeno móvel: livros, aparelhos electrónicos, velas, chocolates, DVDs, canetas, etc. Até uma mola de roupa encontrei no móvel, incrível!
Os aparelhos electrónicos que já não uso vão para a reciclagem nos pontos eletrão que existe nos principais shoppings, grande parte do livros vão para dar, as canetas de plástico para a reciclagem, as velas para a minha prática de yoga em casa. Bem os chocolates, infelizmente já não estão bons e têm de ir para o lixo, que desperdício!
No próximo fim de semana, a tarefa é avançar para o escritório, onde a pilha de bens é enorme. O objetivo é caminhar em direção a uma casa mais minimalista, um fim de semana de cada vez!
As 48 Leis do Poder de Robert Greene trazem importantes lições para a vida para os que não tiveram a hipótese de ter uma boa educação num mundo em que vencem os “espertos”, e não necessariamente os mais competentes ou mais capazes.
Neste artigo quero escrever sobre a importância do planeamento na vida profissional, transposto a lei n.º 29 “planeie até ao fim”. Greene refere na sua obra que muitas das leis têm exceções, mas quanto à necessidade de planear, é perentório a dizer que não existem exceções à lei.
Em retrospetiva, penso que um dos grandes impedimentos à minha evolução profissional, e também a de muitas outras pessoas é:
1) Não ter um objetivo claro a atingir e; 2) Planear até ao fim para concretizar o objetivo.
Um objetivo sem um plano é como um sonho. O plano é o que materializa o objetivo, com a descrição da estratégia e táticas a empregar.
Uma das dificuldades em criar um plano no início de qualquer empreendimento, é que se está na posse de todos os dados. Um plano é, pois, algo que está em atualização regular à medida que vamos avançando e ganhando experiência e novos conhecimentos.
O mais difícil é começar, e o primeiro plano será possivelmente diferente, senão totalmente diferente do plano final que nos levará à vitória e concretização dos nossos objetivos.
Devemos acima de tudo fazer um esforço no início para “planear até ao fim”, desenhando um mapa de onde estamos até onde pretendemos chegar. Quem sabe o que nos reserva?
Não basta traçar os objetivos anuais no início do ano e depois esperar pelo melhor. Possivelmente o que irá acontecer será a desistência ou esquecimento dos mesmos pelo caminho. É importante manter os objetivos relevantes e atuais através de uma revisão periódica.
Esta é a terceira e última parte da revisão trimestral dos meus objetivos para 2020, dando um exemplo pessoal, e demonstrando que é um trabalho que exige reflexão e tempo. Não seria de esperar outra coisa para almejar uma performance acima da média.
Um processo de três passos
Recomendo executar esta tarefa no final de cada trimestre, consistindo em três passos:
Validação dos objetivos perguntando qual a razão por detrás de cada um (porquê) e escrever os mesmos de acordo com a fórmula SMART. Ler artigo Oh Não! Objetivos 2020 Outra Vez (Parte 2).
Criar um plano de ação através de projetos, tarefas e hábitos de suporte aos objetivos. Este ponto é fundamental e o único que tem utilidade prática, fazendo a ligação entre a estratégia e a realidade. Neste artigo vou desenvolver este último ponto.
Um projeto é um conjunto de tarefas relacionadas com o mesmo tema, Um hábito é a mesma tarefa repetida periodicamente (diariamente, semanalmente, mensalmente, trimestralmente, etc).
De seguida é apresentado o exemplo para as áreas da saúde e trabalho dos meus objetivos pessoais. Deverá ler os artigos anteriores para ficar com o contexto geral.
Área da saúde
Ideias: relaxamento, visão, mindfulness
Hábitos:
Não usar aparelhos eletrónicos de leitura e fazer relaxamento da face e olhos a partir das 22h (diário).
Cozinhar duas receitas vegetarianas à terça-feira e sábado (semanal)
Área do trabalho
Ideias: Leis do Poder, Greene
Hábitos
Escrever um artigo com a aplicação de um caso prático no meu trabalho inspirado da obra de Robert Greene As 48 Leis do Poder (semanal).
As áreas casa, social, pessoal, espiritual e dinheiro não precisam de um desenvolvimento como o realizado para as restantes áreas, e de modo a evitar complicar o processo de revisão dos objetivos. Os mesmos já estão engrenados nos meus hábitos, bastando recordar as ideias principais de vez em quando.
Deverá constar que neste exemplo os objetivos produziram hábitos, o que não é obrigatório. O resultado poderia ser também projetos e tarefas. No entanto os hábitos têm a vantagem de criar rotinas, que poderão tornar as coisas mais fáceis para muitas pessoas.
Usar uma checklist para os hábitos diários
Para não sobrecarregar as listas de tarefas com hábitos, vou apenas criar tarefas repetitivas na minha aplicação de apoio à gestão do tempo para os hábitos semanais. Os hábitos diários serão incluídos numa checklist para o efeito.
Termina assim esta série de três artigos dedicados à revisão trimestral dos objetivos anuais. Trata-se de uma atividade que não é fácil, mas que traz grandes recompensas àqueles que querem ter um ano mais produtivo e de sucesso. A alternativa seria mais um ano em que não se definem objetivos nem se atingem metas relevantes.
Quero também deixar claro que o processo de definição de objetivos não tem de iniciar no início do ano. Se ainda não traçou as suas metas para 2020, do que está à espera?
No último artigo escrevi sobre a revisão dos objetivos anuais que executo trimestralmente. Para acomodar alterações das circunstâncias invitáveis da vida, alguns dos objetivos têm de ser adaptados, outros eliminados, e eventualmente alguns novos acrescentados.
Depois da execução do mapa mental com a revisão das ideias principais para os objetivos de 2020 é altura de validar os mesmos com a fórmula SMART e a razão por detrás de cada um (saber o porquê).
Os objetivos estão divididos em sete áreas: pessoal, social, trabalho, dinheiro, saúde, casa e espiritual. Algumas destas áreas estão em plena execução, pelo que que não precisam de ser validados. Por exemplo, as áreas pessoal, social, dinheiro, casa e espiritual estão em andamento, precisando apenas de continuar o bom trabalho.
Os objetivos que precisam de validação são nas áreas do trabalho e a saúde.
Área do trabalho
Ideias: Leis do Poder, Greene
Porquê: Ser respeitado no trabalho, evitar manipulações prejudiciais, e zelar pela tranquilidade laboral entre chefias e colegas.
Objetivo SMART: Ler e escrever sobre o trabalho de Robert Greene e Dale Carnegie nas temáticas do poder e influência, publicando um artigo por semana no The Daily Habit com a apresentação de um caso prático no meu trabalho.
Área da saúde
Ideias: relaxamento, visão
Porquê: Tenho uma miopia elevada e passo muitas horas a trabalhar e a ler em aparelhos eletrónicos, inclusive à noite antes de me deitar.
Objetivo SMART: Não utilizar aparelhos eletrónicos de leitura e trabalho aos sábados e à noite a partir das 22h.
Ideias: relaxamento, mindfulness
Porquê: Tenho o mau hábito de comer depressa, não ouvir os outros antes de falar e viver numa ansiedade permanente.
Objetivo SMART: Observar os sentidos corporais quando como. Observar a respiração quando comunico. Observar a rua, o movimento e o tempo quando caminho de e para o trabalho.
Ideias: alimentação, vegetariano
Porquê: Além de adorar comida vegetariana, sinto-me mais leve e mais confortável para trabalhar e na atividade física.
Objetivo SMART: Cozinhar duas receitas vegetarianas por semana à terça-feira e á quinta-feira ou sábado.
Conclusão
Neste exemplo todos os objetivos foram validados pelo porquê e fórmula SMART, com a descrição do motivo por detrás de cada objetivo ou escrevendo cada objetivo de acordo com a fórmula SMART. No caso de não ser possível validar, teriam de ser adaptados ou eliminados. Este processo é entendido como a revisão de objetivos.